Nos dias 31 de outubro e 1 de novembro, o Prof. Carlos Jorge N. de castro, líder do Grupo de Estudos e
Observação Cartográfica da Amazônia – GEOCAM, auxiliado pelos pesquisadores do
grupo J. Filho e Nonato Gonçalves, percorreram diversas localidades dos
municípios de Igarapé-Açu, Maracanã, Marapanim e Magalhães Barata com o
objetivo de identificar as rotas dos transportes (ônibus, micro-ônibus e vans)
que integram-se por fluxo com a cidade de Igarapé-Açu.
Fig. 01 - Ônibus Transporte Rural-Urbano na Estrada do Prata.
Fonte: Geocam, 2017.
Em
uma etapa anterior a esse trabalho de campo, nos dias 04 e 11 de setembro foi
feito um levantamento prévio com os motoristas/proprietários de ônibus que
atendem as localidades rurais viabilizando um fluxo significativo em direção a
sede do município. Ainda, nessa primeira atividade, foram coletados dados sobre
essas rotas de ônibus, como: origem, destino, linha, proprietário, quantidade
de ônibus, horário, identificação do ônibus e valor médio da passagem.
Entre
as várias conversas informais com os agentes supracitados, destacamos a fala do
Sr. Eneílson Nunes (filho do Sr. Enéas Simão), um dos proprietários da Empresa
Miguel Tur, a maior do segmento no município de Igarapé-Açu:
“Os passageiros vêm à cidade para negociar
algum produto produzido em seu terreno, vem receber aposentadoria; mas a
maioria, vem mesmo é fazer compras em supermercados ou comprar algum produto
para sua casa em loja. O que chama atenção, é que ao invés da gente presenciar
por exemplo, grande volume de farinha para ser vendido na cidade vindo das
localidades, se ver ao inverso, pessoas comprando farinha para abastecer ou sua
família ou seu pequeno estabelecimento comercial” (Trecho extraído de conversa
informal em 11/09/2017).
Após
esse processo inicial, visitamos as localidades dos municípios inseridos nessa
dinâmica de interações espaciais que reverbera em analisar e compreender a
centralidade e influência econômica de Igarapé-Açu.
Muito
enriquecedor aos propósitos da pesquisa foram os relatos de alguns moradores da
localidade de Marudazinho (Marapanim) que concedeu ao GEOCAM importantes
relatos em entrevista, conforme a imagem a seguir:
Fig. 02 - Entrevista na Comunidade de Marudazinho - Marapanim
Fonte: Geocam, 2017.
De
acordo com seus entendimentos geográficos, fez-nos compreender essa leitura e, também
recuperar significativamente a história desse circuito que outrora
contribuiu/contribui com a importância geográfica e econômica da cidade
Igarapé-Açu nessa porção do Nordeste Paraense, conforme relatou o Sr. Antônio
Melo, Agente de Saúde da Vila de Marudazinho município de Marapanim:
“Antigamente, segundo minha mãe,
os moradores faziam sua produção local e iam à pés para vender em Igarapé-Açu,
cortando caminhos e estradas. Depois, surgiram algumas embarcações, onde 03
(três) proprietários destas atendiam a comunidade via rio Marapanim. Em
seguida, com a construção da ponte sobre o rio Marapanim entre Matapiquara e
Cristolândia, extinguiu-se as embarcações que outrora faziam esse fluxo. Com
isso, surgiram as rotas terrestres que partem para a cidade de Marapanim três
vezes por semana. Mas, a nossa produção, o recebimento de aposentaria, as despesas
do funcionalismo público, as compras, tudo é em Igarapé-Açu em decorrência da
posição geográfica (...) as empresas que atendiam a comunidade com destino a
Belém eram: São João, Trans Arapari, Estrela Azul, Modelo e Sucesso. Hoje,
continua a Modelo, e para igarapé-Açu é Wall Transportes com dois horários,
manhã e tarde” (Trecho extraído de conversa informal em 01/11/2017).
De
acordo com o relato acima, percebemos a importância de Igarapé-Açu para essa
localidade por oferecer melhor estrutura em relação a serviços e ao comércio. Também
observamos a mudança da via de circulação em contextos diferentes. No
primeiro momento, haviam conexões sem estrutura por meios de caminhos e
estradas; depois temos rio como vetor de circulação; e hoje, destacamos as
estradas pavimentas ou não, mas que oferecem maior dinâmica na economia local
através dos transportes.
Na
visitação, destacamos as localidades/comunidades de Porto Seguro, Tapiaí,
Seringal, Livramento, São Luís, Curi, São Jorge do Jabuti/KM 18 e Santo Antônio
do Prata (Igarapé-Açu); Vila São Benedito/KM 19 e Boa Esperança (Maracanã);
Marudazinho e Matapiquara (Marapanim); Prainha e Arraial (Magalhães Barata),
conforme a Representação Cartográfica a seguir:
Mapa 01 - Área de Abrangência do Circuito Rural-Urbano de Igarapé-Açu.
Fonte: Geocam, 2017.
A
partir dessas localidades partem as rotas de ônibus que interligam diretamente
as mesmas com a cidade de Igarapé-Açu e, também atendem indiretamente outras
inúmeras localidades espalhadas às margens das rodovias estaduais ou estradas
vicinais adjacentes com conexão utilizando motocicletas, bicicletas e até
canoas.
Fig. 03 - Trapiche na Comunidade de Porto Seguro - Igarapé-Açu.
Fonte: Geocam, 2017.
Merece destaque pela influência indireta a cidade de Magalhães Barata
reforçando e consolidando esse circuito rural-urbano mostrando que a influência
de Igarapé-Açu excede seus limites territoriais.
Por
falar nos percursos das rodovias e estradas, observamos e ao mesmo tempo
fazendo uma análise preliminar sobre as transformações espaciais que vem
sofrendo a paisagem regional. Nesse processo, principalmente na área de
abrangência de Igarapé-Açu, destacamos o intenso cultivo do dendê, cultura que
vem monopolizando as atividades agrícolas da região, deixando em um patamar
secundário, a pimenta-do-reino, a pecuária e as culturas de subsistência.
Fig. 04 - Vias de Dendê no Espaço Agrário de Igarapé-Açu.
Fonte: Geocam, 2017.
No
entanto, essa é uma discussão que será abordada em outro momento quando
retomaremos a análise com novas percepções sobre a expansão e territorialização
da dendeicultura com ênfase nas Transformações Espaciais abarcado pelo Sistema
Produtivo do Dendê, objeto de pesquisa de J. Filho; as Transformações no
Circuito Produtivo das Comunidades Pesqueiras, com objeto de pesquisa de Nonato
Gonçalves; e do Sistema de Transporte Rural-Urbano nos Municípios da Região de
Integração do Guamá, conforme o Projeto Institucional de Bolsas de
Iniciação Científica, subprograma PIBIC-FAPESPA-2017, que tem como proponente,
Carlos Jorge N. de Castro.
Fig. 05 - Equipe de Campo na Comunidade de Prainha - M. Barata.
Fonte: Geocam, 2017.
As
visitas nas comunidades citadas acima, possibilitou um outro olhar sobre as
dinâmicas presentes nos municípios de Igarapé-Açu, Magalhães Barata, Maracanã e
Marapanim, obviamente outros fenômenos e processos estão em curso e
metamorfoses. Mas certamente, são possíveis de serem desvelados pela prática de
pesquisa de campo, e este é o projeto do Grupo de Estudos e Observação
Cartográfica da Amazônia.
Fonte:
GEOCAM
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