quarta-feira, 8 de novembro de 2017

A IMPORTÂNCIA DO CIRCUITO RURAL-URBANO DOS TRANSPORTES PARA A ECONOMIA DE IGARAPÉ-AÇU

Nos dias 31 de outubro e 1 de novembro, o Prof. Carlos Jorge N. de castro, líder do Grupo de Estudos e Observação Cartográfica da Amazônia – GEOCAM, auxiliado pelos pesquisadores do grupo J. Filho e Nonato Gonçalves, percorreram diversas localidades dos municípios de Igarapé-Açu, Maracanã, Marapanim e Magalhães Barata com o objetivo de identificar as rotas dos transportes (ônibus, micro-ônibus e vans) que integram-se por fluxo com a cidade de Igarapé-Açu.
                                 Fig. 01 - Ônibus Transporte Rural-Urbano na Estrada do Prata.
                                         Fonte: Geocam, 2017.
Em uma etapa anterior a esse trabalho de campo, nos dias 04 e 11 de setembro foi feito um levantamento prévio com os motoristas/proprietários de ônibus que atendem as localidades rurais viabilizando um fluxo significativo em direção a sede do município. Ainda, nessa primeira atividade, foram coletados dados sobre essas rotas de ônibus, como: origem, destino, linha, proprietário, quantidade de ônibus, horário, identificação do ônibus e valor médio da passagem.
Entre as várias conversas informais com os agentes supracitados, destacamos a fala do Sr. Eneílson Nunes (filho do Sr. Enéas Simão), um dos proprietários da Empresa Miguel Tur, a maior do segmento no município de Igarapé-Açu:
“Os passageiros vêm à cidade para negociar algum produto produzido em seu terreno, vem receber aposentadoria; mas a maioria, vem mesmo é fazer compras em supermercados ou comprar algum produto para sua casa em loja. O que chama atenção, é que ao invés da gente presenciar por exemplo, grande volume de farinha para ser vendido na cidade vindo das localidades, se ver ao inverso, pessoas comprando farinha para abastecer ou sua família ou seu pequeno estabelecimento comercial” (Trecho extraído de conversa informal em 11/09/2017).
Após esse processo inicial, visitamos as localidades dos municípios inseridos nessa dinâmica de interações espaciais que reverbera em analisar e compreender a centralidade e influência econômica de Igarapé-Açu. 
Muito enriquecedor aos propósitos da pesquisa foram os relatos de alguns moradores da localidade de Marudazinho (Marapanim) que concedeu ao GEOCAM importantes relatos em entrevista, conforme a imagem a seguir: 
                                Fig. 02 - Entrevista na Comunidade de Marudazinho - Marapanim
                                          Fonte: Geocam, 2017.
De acordo com seus entendimentos geográficos, fez-nos compreender essa leitura e, também recuperar significativamente a história desse circuito que outrora contribuiu/contribui com a importância geográfica e econômica da cidade Igarapé-Açu nessa porção do Nordeste Paraense, conforme relatou o Sr. Antônio Melo, Agente de Saúde da Vila de Marudazinho município de Marapanim:
“Antigamente, segundo minha mãe, os moradores faziam sua produção local e iam à pés para vender em Igarapé-Açu, cortando caminhos e estradas. Depois, surgiram algumas embarcações, onde 03 (três) proprietários destas atendiam a comunidade via rio Marapanim. Em seguida, com a construção da ponte sobre o rio Marapanim entre Matapiquara e Cristolândia, extinguiu-se as embarcações que outrora faziam esse fluxo. Com isso, surgiram as rotas terrestres que partem para a cidade de Marapanim três vezes por semana. Mas, a nossa produção, o recebimento de aposentaria, as despesas do funcionalismo público, as compras, tudo é em Igarapé-Açu em decorrência da posição geográfica (...) as empresas que atendiam a comunidade com destino a Belém eram: São João, Trans Arapari, Estrela Azul, Modelo e Sucesso. Hoje, continua a Modelo, e para igarapé-Açu é Wall Transportes com dois horários, manhã e tarde” (Trecho extraído de conversa informal em 01/11/2017).
De acordo com o relato acima, percebemos a importância de Igarapé-Açu para essa localidade por oferecer melhor estrutura em relação a serviços e ao comércio. Também observamos a mudança da via de circulação em contextos diferentes. No primeiro momento, haviam conexões sem estrutura por meios de caminhos e estradas; depois temos rio como vetor de circulação; e hoje, destacamos as estradas pavimentas ou não, mas que oferecem maior dinâmica na economia local através dos transportes.
Na visitação, destacamos as localidades/comunidades de Porto Seguro, Tapiaí, Seringal, Livramento, São Luís, Curi, São Jorge do Jabuti/KM 18 e Santo Antônio do Prata (Igarapé-Açu); Vila São Benedito/KM 19 e Boa Esperança (Maracanã); Marudazinho e Matapiquara (Marapanim); Prainha e Arraial (Magalhães Barata), conforme a Representação Cartográfica a seguir:
                         Mapa 01  - Área de Abrangência do Circuito Rural-Urbano de Igarapé-Açu.
                                      Fonte: Geocam, 2017.
A partir dessas localidades partem as rotas de ônibus que interligam diretamente as mesmas com a cidade de Igarapé-Açu e, também atendem indiretamente outras inúmeras localidades espalhadas às margens das rodovias estaduais ou estradas vicinais adjacentes com conexão utilizando motocicletas, bicicletas e até canoas. 
                               Fig. 03 -  Trapiche na Comunidade de Porto Seguro - Igarapé-Açu.
                                          Fonte: Geocam, 2017.
Merece destaque pela influência indireta a cidade de Magalhães Barata reforçando e consolidando esse circuito rural-urbano mostrando que a influência de Igarapé-Açu excede seus limites territoriais.
Por falar nos percursos das rodovias e estradas, observamos e ao mesmo tempo fazendo uma análise preliminar sobre as transformações espaciais que vem sofrendo a paisagem regional. Nesse processo, principalmente na área de abrangência de Igarapé-Açu, destacamos o intenso cultivo do dendê, cultura que vem monopolizando as atividades agrícolas da região, deixando em um patamar secundário, a pimenta-do-reino, a pecuária e as culturas de subsistência. 
                            Fig. 04 - Vias de Dendê no Espaço Agrário de Igarapé-Açu.
                                         Fonte: Geocam, 2017.
No entanto, essa é uma discussão que será abordada em outro momento quando retomaremos a análise com novas percepções sobre a expansão e territorialização da dendeicultura com ênfase nas Transformações Espaciais abarcado pelo Sistema Produtivo do Dendê, objeto de pesquisa de J. Filho; as Transformações no Circuito Produtivo das Comunidades Pesqueiras, com objeto de pesquisa de Nonato Gonçalves; e do Sistema de Transporte Rural-Urbano nos Municípios da Região de Integração do Guamá,  conforme o Projeto Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, subprograma PIBIC-FAPESPA-2017, que tem como proponente, Carlos Jorge N. de Castro.
                                 Fig. 05 - Equipe de Campo na Comunidade de Prainha - M. Barata.
                                         Fonte: Geocam, 2017.
As visitas nas comunidades citadas acima, possibilitou um outro olhar sobre as dinâmicas presentes nos municípios de Igarapé-Açu, Magalhães Barata, Maracanã e Marapanim, obviamente outros fenômenos e processos estão em curso e metamorfoses. Mas certamente, são possíveis de serem desvelados pela prática de pesquisa de campo, e este é o projeto do Grupo de Estudos e Observação Cartográfica da Amazônia.
Fonte: GEOCAM

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