Uma expedição acadêmica do Trabalho de Campo Interdisciplinar IV, da Universidade do Estado do Pará (UEPA), visitou o município de Igarapé-Açu.
Na ocasião foi
recebida pelos pesquisadores João Barros Filho e Nonato Sousa, ambos servidores
do campus local. João Barros Filho, que também é discente do Programa de
Pós-graduação em Geografia (PPGG), e Nonato Sousa, egresso do mesmo programa,
conduziram o grupo em uma breve visita ao campus antes de seguirem para o
Mercado Municipal, conhecido popularmente como "Mercado Velho".
O Mercado Velho, um marco cultural e econômico da região, serviu como ponto central para discussões sobre a formação socioespacial de Igarapé-Açu e seus arredores. João Barros Filho destacou o papel histórico do mercado, fundado em 1916, porém totalmente reconstruído em 1940, apresentando uma arquitetura moderna e exclusiva em solo nacional, tornando-se marco no desenvolvimento do município. Ele traçou um panorama do processo de mudança de nome do local, que passou de Santarém Novo para Igarapé-Assú, até chegar ao atual Igarapé-Açu.
Barros Filho também abordou as influências migratórias que moldaram a identidade da região, em especial as contribuições das culturas nordestina e nipônica.
Nonato Sousa, mestre pelo PPGG, focou sua apresentação na importância da agricultura e do comércio para a economia local. Sousa enfatizou o papel estratégico de Igarapé-Açu como fornecedor para municípios vizinhos, como Maracanã, Magalhães Barata e, mais recentemente, Marapanim, que se beneficiou das melhorias na infraestrutura rodoviária da região.
O historiador
Claiton Barros também contribuiu para a reflexão, ressaltando a diversidade
étnica de Igarapé-Açu. Ele destacou a presença histórica dos povos indígenas
Tembés, das comunidades quilombolas e dos migrantes europeus, com ênfase nos
espanhóis, que não se fixaram na região, e nos nordestinos, que foram atraídos
por políticas de colonização impulsionadas pelo governo.
Após o almoço,
a expedição seguiu para Tracuateua, percorrendo um trajeto semelhante ao da
antiga Estrada de Ferro de Bragança (EFB). Durante o percurso, houve uma parada
na ponte de ferro sobre o rio Maracanã, na divisa entre Igarapé-Açu e Nova
Timboteua, um momento que permitiu aprofundar as discussões sobre as
transformações históricas e econômicas da região.
A comunidade
quilombola Nossa Senhora do Livramento, localizada nas proximidades, também foi
mencionada, reforçando a importância das raízes culturais locais no contexto
regional.
Belém,
23 de setembro de 2024.
Texto:
Professores Carlos Jorge Castro; João Barros Filho; Nonato Sousa.