sexta-feira, 7 de junho de 2019

PESQUISADORES DO GEOCAM CONTRIBUEM EM TRABALHO DE CAMPO DE ACADÊMICOS DE GEOGRAFIA, EM CASTANHAL E IGARAPÉ-AÇU


Nos dias 06 e 07 de junho, pesquisadores do Grupo de Estudos e Observação Cartográfica da Amazônia (GEOCAM) participaram da disciplina de Trabalho de Campo Interdisciplinar I com a turma de Geografia 2018, advinda de Belém. A disciplina foi conduzida sob a supervisão do professor Dr. Clay Anderson Nunes Chagas (Lab-Geovcrim), e o professor Msc. Carlos Jorge Nogueira de Castro (Geocam e Lab-Geovcrim).
Na cidade de Castanhal, os professores a turma receberam os pesquisadores, Francisco Lopes e Rodrigo Sá, que na oportunidade apresentaram suas pesquisas acerca formação das cidades da região frente ao empreendimento da antiga Estrada de Ferro de Bragança (EFB), buscando resgatar e compreender o processo histórico-geográfico que essa desempenhou para a formação da rede urbana do Nordeste Paraense, dotado de uma certa particularidade diante da formação da rede urbana da Região Amazônica.
Castanhal, importante cidade da Antiga EFB, os acadêmicos de geografia foram recebidos pelo pesquisador Rodrigo Sá, que resgatou a historicidade do município, bem como sua configuração socioeconômica e espacial que persiste no cenário atualmente, conciliando importantes debates, tais como Ribeiro (2017) que analisou a configuração da estrutura e organização do espaço da mesorregião nordeste paraense ao longo de três períodos - Embrionário, Colonização, Expansão das rodovias. 
Durante o diálogo com os acadêmicos, destacou-se, as complexas interações espaciais desempenhadas pelo município diante de uma realidade que compõe a Região Metropolitana de Belém (RMB) e outra que atua como uma centralidade de influência frente aos demais municípios da Região Nordeste do Pará. Após esse primeiro momento, ocorrido nos espaços da Praça do Estrela onde se encontra a locomotiva Maria Fumaça, ainda pela parte da manhã, os discentes do curso de Geografia foram conduzidos até o Complexo de Feiras Livre de Castanhal, lócus de pesquisa do professor Assis Lopes.
Neste segundo momento, o referido professor fez uma explanação a respeito do funcionamento da feira, e da participação que a expansão da mobilidade do transporte rural possui para a organização e interações espaciais entre Castanhal e algumas comunidades de municípios pertencentes a sua área de influência. Assim, orientou-se aos discentes que esses realizassem entrevistas com os agentes que contribuem para o fluxo de capital na feira e, dessa forma, as entrevistas foram conduzidas aos comerciantes locais; aos agentes diretamente ligados à mobilidade do transporte rural; e, a comunidade que se utiliza dos espaços da feira.
IGARAPÉ-AÇU
Mercado Velho
No dia 06 de junho, às quatorze horas, houve a acolhida do pesquisador J. Filho aos acadêmicos e professores Carlos Jorge e Clay Anderson de Geografia da Universidade do Estado do Pará na Praça do Centro Cultural Mercado Velho relativo ao Trabalho de Campo Interdisciplinar I.
No ensejo, o professor e líder do grupo Geocam Carlos Jorge e o professor e vice-reitor Clay Anderson fizeram a apresentação entre os acadêmicos e o pesquisador. Em seguida, J. Filho explanou brevemente sobre o contexto histórico e geográfico de Igarapé-Açu e sua importância estratégica no Nordeste Paraense, capitaneado pela Estrada de Ferro Belém-Bragança, importante na colonização, no fluxo de pessoas e mercadorias, e também na consolidação da agricultura regional.
Continuando, J. Filho direcionou o diálogo para o objeto principal de sua pesquisa, a expansão da dendeicultura e a territorialização da Palmasa em Igarapé-Açu, destacando os agentes diretos e indiretos envolvidos no sistema produtivo do dendê, nas relações e nas transformações do espaço agrário e agrícola local.

UFRA/FEIGA e Base Aérea
No segundo momento dessa tarde visitamos a Fazenda Escola da Universidade Federal Rural da Amazônia –FEIGA. Na oportunidade, os acadêmicos foram recebidos pela Sra. Kássia, gerente local e também pelo Sr. Arquimedes, servidor da FEIGA, onde conheceram as instalações locais e também conversaram com outros servidores da instituição. Nesse espaço estava ocorrendo uma atividade do Movimento Moeda Verde de Igarapé-Açu, inclusive com presença de acadêmicos da Uepa. A reciprocidade foi elevada pelos representantes institucionais com a perspectiva de novas parcerias em breve.
Depois, prosseguindo com as atividades, direcionamo-nos para a Base Aérea, espaço histórico de Igarapé-Açu pertencente a Aeronáutica sob responsabilidade da UFRA/FEIGA. J. Filho explanou sobre a Base Aérea, uma “rugosidade” (Santos, 2006) que no contexto da Segunda Guerra Mundial representou e materializou a geopolítica e os anseios dos agentes hegemônicos e hegemonizados no período desse evento bélico. Hoje, esse espaço é ocupado por pequenos produtores que residem e praticam a agricultura de subsistência. O professor Clay Anderson reforçou o diálogo enfatizando sobre os reais interesses dos americanos e alemães, líderes dos grupos opostos na Segunda Guerra Mundial, principalmente sobre os intensos bombardeios entre ambos no Atlântico, às proximidades do litoral brasileiro. 
Com a ajuda do senhor Adriano Carvalho, seguimos mostrando os antigos alojamentos, a torre móvel de atracação de “Zepellins” que hoje serve de base para uma caixa d´água, o refeitório, a pista de pouso reta de 1500 metros que se encontra desativada e as demais ruínas, além do cultivo de diversas culturas pelos moradores que ocupam o espaço da Base Aérea.

Comunidade do Mangueirão - KM 9 PA-127
Como última parada do nosso roteiro do dia 07, visitamos a Comunidade do Mangueirão, no KM 09 sentido Igarapé-Açu/Maracanã e fomos recebidos pelo Sr. Luciano Braga, que além de agricultor também tem formação em Técnico Agrícola. Na oportunidade, o pesquisador J. Filho fez uma pequena apresentação entre o anfitrião e os acadêmicos e professores, e também introdução sobre a temática abordada pelo Luciano.
O Sr. Luciano Braga reportou sobre o histórico dele e de seu genitor, o Sr. Elias Braga sobre as práticas utilizadas no cultivo e produção em sua propriedade. Primeiramente, explanou sobre o modelo tradicional utilizado pelos agricultores locais que passa de geração para geração, o sistema convencional de corte e queima, sem uso alguns de tecnologias e assistências. Em seguida, ressaltou sobre a importância da mudança de conduta ao participar de um projeto capitaneado pela Embrapa em parcerias com algumas associações onde teriam acesso a um novo modelo de usufruir da propriedade.
J. Filho que outrora também participara dessa iniciativa, reforçou a discussão a respeito do uso de novas tecnologias no campo. Trata-se do sistema corte e trituração, onde ao invés de queimar a capoeira ela seria triturada por um implemento agrícola adaptado e seria feito o plantio direto aproveitando os nutrientes do solo armazenados com a decomposição da biomassa.
Com essa prática mais sustentável foi possível explorar pequenas aéreas e nas mesmas, além de introduzir inúmeras variedades de culturas anuais, também consorciada com frutíferas regionais e essências florestais adaptadas à região, conforme arranjo da área produtiva próxima de sua residência apresentado por Luciano. Esse consórcio é denominado de Sistemas Agroflorestais – SAF’S que possibilita o melhor usufruto da propriedade e seu auto-sustento familiar bem como menor agressão ao meio ambiente.

Mercado Velho
No dia seguinte, 07, novamente visitamos o Centro Cultural Mercado Velho, porém dessa vez J. Filho e Carlos Jorge abordaram outras questões como a importância do dinamismo do circuito rural-urbano para a economia local e reforçando a importância central da cidade para essa parcela territorial do Nordeste Paraense. Nessa ocasião, explicaram que pela manhã o fluxo do transporte (ônibus, micro-ônibus e vans) corresponde ao transporte de moradores e agricultores das comunidades pertencente à Igarapé-Açu e também aos municípios vizinhos para efetuarem compras, pagamentos, recebimentos, venda de produtos entre outros. Enquanto que à tarde, o acontece o transporte de estudantes que vêm dessas localidades para as principais escolas da rede pública de ensino.
Conforme tratamos em: A IMPORTÂNCIA DO CIRCUITO RURAL-URBANO DOS TRANSPORTES PARA A ECONOMIA DE IGARAPÉ-AÇU, no link:https://geografia-cartografia.blogspot.com/2017/11/a-importancia-do-circuito-rural-urbano.html
Em seguida, adentramos ao espaço cultural do Mercado Velho onde foi perceptível o resgate da memória de Igarapé-Açu através de imagens que retratam distintos períodos da sociedade igarapeaçuense. J. filho fez uma breve contextualização geral desses períodos e momentos históricos passando pela própria estrutura do prédio e sua importância durante o auge da Estrada de Ferro e de seus comerciantes e lojistas da época que depois migraram para a Avenida Barão do Rio Branco, expandindo e fortalecendo o centro comercial local. Explanou sobre os demais prédios históricos, as manifestações culturais e religiosas, além de pontos turísticos (FREITAS, 2005).

Comunidade do Livramento (Ponte de Ferro E Estação do Trem)
Para finalizar o roteiro desse Trabalho de Campo, a última visita foi na comunidade de Livramento, onde na oportunidade visitamos a Ponte de Ferro sobre o rio Maracanã e em seguida as ruínas da estação do trem. No primeiro local, J. Filho fez breve contexto da historicidade da comunidade, sendo esta uma comunidade de remanescentes quilombolas. Sobre a ponte da Estrada de Ferro sobre o rio Maracanã, J. Filho frisou que esta é um marco da Amazônia Atlântica onde sua arquitetura foi proveniente da Europa durante o período áureo da borracha e materialização do meio técnico. É um simbolismo daquele período que dinamizou as transformações socioespaciais regional por ser um instrumento dinamizador do processo político e territorial.
Nas ruínas, à 200 metros das margens direita da PA-242, o Professor Carlos Jorge explicou sobre as espacializações e espacialidades das localidades e estações. E nesse ambiente cercado por árvores de diversas espécies e um clima agradável J. Filho, Carlos Jorge e Clay Chagas fizeram as considerações finais sobre o roteiro e o itinerário do Trabalho de Campo. Os acadêmicos também mostraram satisfação em participar dessa atividade que será de grande valia para os mesmos discernirem sobre os aspectos relevantes sobre o espaço dessa parcela territorial do Nordeste Paraense.

Ao fim, apresentamos o mosaico com alguns dos melhores momentos de nossa atividade.
Decerto, o empenho é coletivo e neste momento agradecemos aos Acadêmicos do Curso de Geografia Belém, que demostraram grande interesse em conhecer mais sobre Castanhal e Igarapé-Açu; aos professores Clay Chagas e Carlos Jorge N. de Castro que organizaram acreditaram no bom andamento do trabalho; aos pesquisadores do GEOCAM: Francisco AssisJoão Barros FilhoRodrigo Sá; aos nossos agentes parceiros: Kássia Magalhães (gerente da FEIGRA - UFRA), ao senhor Luciano (produtor rural); à coordenação do Campus de Igarapé-Açu; ao nosso motorista Jorge, servidor da universidade que muito bem nos conduziu no Trabalho de Campo Interdisciplinar I.

REFERÊNCIAS
EGLER, Eugênia G. “A Zona Bragantina no Estado do Pará.” Revista Brasileira de Geografia, 1961: 71-102.
FREITAS, A. M. Memória de Igarapé-Açu. Belém: Gráfica SUPERCORES, 2005.
RIBEIRO, Willame de Oliveira. ““Das frágeis conexões às múltiplas interações: estruturação e periodização da rede urbana do nordeste paraense”.” Anais do XI Encontro Nacional da Anpege: a diversidade da geografia brasileira: escalas e dimensões da análise e da ação. Presidente Prudente: Anpege, 2015. 5909-5920.

SANTOS, Milton. A Natureza do espaço: Técnica e tempo. Razão e emoção. São Paulo: Edusp. 2006.
Texto: Geocam (2019).
Contribuições: Assis Lopes; João Barros Filho; Rodrigo Sá (2019).



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