Pesquisador - Sérgio Lima da Silva Junior[1]
A violência e a criminalidade fazem parte do cotidiano urbano da
maioria das cidades brasileiras, antes o que se restringia aos grandes centros
urbanos, agora faz parte da realidade das pequenas e médias cidades do Brasil. O município de Castanhal passou a
integrar a Região Metropolitana de Belém (RMB) em 2011 através da LCE n°
076/2011, e nos últimos anos tem vivido uma
realidade similar a essa, onde se verifica que as taxas de criminalidade vêm
crescendo progressivamente, e como uma das consequências, observa-se que a
população apresenta uma sensação de medo e insegurança constante.
Nesse contexto, as sucessivas análises ao
longo de 2014 a 2017 resultaram na robustez encontrada no trabalho
intitulado: “A produção Desigual do Espaço Urbano como Condicionante da Violência
Urbana na Cidade de Castanhal”, apresentado como Trabalho de Conclusão
de Curso (TCC) em Geografia, pelo pesquisador Sérgio Lima da Silva Junior, onde
apresentou essa problemática utilizando conceitos de urbano e de violência como
unidades analíticas para uma possível compreensão desse processo que vem
produzindo nas cidades brasileiras espaços de subversão e do medo.
Este foi
o cenário da pesquisa de Sérgio Lima da Silva Júnior, formado em Geografia, no
Campus Universitário de Igarapé-Açu (Campus – X) da Universidade do Estado do
Pará (UEPA), apresenta uma ampla leitura sobre o espaço urbano e a violência na
cidade de Castanhal, a qual pertence a Região Metropolitana de Belém (RMB) e ao
mesmo tempo que polariza outros 13 municípios atrelados em sua Região Imediata,
a de Castanhal. A pesquisa de Silva Jr, teve como orientador o geógrafo Carlos
Jorge Nogueira de Castro, representante do GEOCAM, que fez o convite para
socialização da pesquisa desenvolvida por Silva Jr, nesta página.
A
atuação de Sérgio Lima da Silva Júnior no Projeto de Pesquisa: “Território, Rede e Violência: agentes
territoriais e os homicídios nas cidades de Belém, Ananindeua, Marabá,
Parauapebas, Macapá e Palmas” coordenado pelo professor Dr. Clay Anderson
Nunes Chagas (UEPA e UFPA) possibilitou maior aproximação com a temática
violência urbana; este projeto teve financiamento público e foi executado
durante os anos de 2015 e 2017. Neste interim, Silva Júnior, integrou a equipe
do Projeto de Extensão: “Produção e
Análise da Informação Cartográfica em Segurança Pública” também certificado
pelo professor Dr. Christian Nunes da Silva (UFPA-NUMA), sendo executado nos
anos de 2016-2017. Assim, ao fim de 2017, sua pesquisa se debruça em
compreender estes fenômenos na realidade urbana da cidade de Castanhal.
Espaço Urbano e Desigualdade
No primeiro momento do trabalho, Silva Jr,
discute a relação dialética do espaço, enquanto, produto e produtor das
desigualdades para compreender a forma que esse espaço urbano é produzido e o
que torna esse processo desigual.
Como bem coloca o autor:
“Inicialmente pretendemos discutir
acerca da dialética do espaço enquanto produtor e produto das desigualdades.
Enfatizaremos também as ações e táticas empreendidas pelos agentes de produção
e reprodução do espaço urbano, de forma que possamos identificar as principais
estratégias utilizadas por esses agentes na materialização do espaço
urbano/cidade vista como lócus da acumulação do capital.” (SILVA JR,
2017).
Entende-se que a
pesquisa trata-se especificamente da produção do espaço urbano moldado/forjado sob a
concepção capitalista, que se materializa de forma desigual, atendendo os
interesses hegemônicos de determinados agentes de produção espacial, onde esse
espaço é visto como mercadoria e a cidade objetiva como palco de acumulação do
capital.
Na medida em que o espaço urbano é produzido paralelamente
materializam-se as desigualdades socioespaciais nesse espaço. Essas
desigualdades são resultados do processo que se condiciona aos interesses dos
agentes de produção, no qual aqueles que detêm maior poder aquisitivo podem
usufruir dos privilégios que a cidade oferece.
Nesse contexto, Silva Jr. enfatiza os agentes de produção
do espaço urbano, dando importância a papel que esses exercem dentro desse
processo, onde a forma do urbano se materializa de acordo com seus interesses.
Os espaços serão produzidos para atender agentes específicos que comandam esse
processo de produção, caracterizando assim a fragmentação e articulação do
espaço urbano.
O Fenômeno da Violência Urbana na
Cartografia de Castanhal
Mediante a análise desse processo de relações da produção
espacial, o autor propõe uma alternativa de discutir a violência urbana no
campo dos dilemas da organização do espaço urbano, e assim refletir de que
forma a produção do espaço urbano está influenciando na dinâmica da
criminalidade violenta na cidade de Castanhal-PA.
Com
base no exposto, entende-se que processo de produção do espaço urbano atrelado
a interesses do capital e a determinados grupos sociais, engendra diferentes
espacialidades. Sendo assim, o trabalho apresentado almejou, por meio dos
objetivos abaixo, responder a problemática apresentada no decorrer de toda a
pesquisa.
Objetivo
Geral da pesquisa busca analisar de que forma as relações de produção desigual
do espaço urbano atuam como condicionante da violência urbana na cidade de
Castanhal. E de forma mais específica, o pesquisador busca entender a partir do
processo de produção desigual do espaço urbano a correlação entre a violência
urbana e as desigualdades socioespaciais; e para isso, sua investigação sobre o
urbano e a violência como unidades de análise e recursos analíticos da
Geografia, são necessários para a compreensão das questões referentes à
problemática da violência urbana. Objetivando realizar a sobreposição da
cartografia da criminalidade urbana da cidade de Castanhal que compreende as
áreas de vulnerabilidades.
Os
pontos norteadores utilizados por Silva Jr configuram-se na metodologia direcionada na pesquisa em
questão, onde primeiramente caracterizou-se pelo levantamento bibliográfico,
onde se fundamentará o campo teórico do trabalho.
Em seguida, o trabalhou apresentou o processo
de pesquisa empírica, onde permitiu a reflexão entorno das ideias, hipóteses e
problemática relacionadas ao nosso objeto de estudo, essa etapa subsidiou o
caráter quantitativo da pesquisa que conjuga várias fontes de dados.
Outras
fontes, subsidiaram a análise do pesquisador, tais como, o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estática (IBGE), Prefeitura Municipal de Castanhal, Secretaria
de Segurança Pública (SEGUP), Sistema Integrado de Segurança Pública (SENASP).
As informações da Secretária de Segurança Pública (SEGUP) referem-se
aos índices de homicídios que ocorreram na cidade de Castanhal-PA entre os anos
de 2014 a 2015. Esses dados foram fornecidos em formato de pontos de
ocorrências, isso possibilitou a produção cartográfica com método de análise
espacial de hot spots (manchas
críticas ou áreas quentes).
Esse método possibilitou a identificação de conglomerados de bairros
com alta concentração de homicídios. Por meio da cartografia produzida, foi
feito um acervo fotográfico que busca relatar as referidas características dos
bairros que registraram altos níveis de concentração.
Com a
produção cartográfica identificou-se que as áreas onde ocorrem os maiores
registros de ocorrências no número de homicídios tem sido palco e vivenciado
por indivíduos em situações críticas em relação aos demais lugares da cidade,
dessa forma, alinhou-se a discussão da hipótese inicial, onde se pensou que a
produção desigual do espaço age como uma das condicionantes dos homicídios na
cidade.
Considerações
Para o autor, Sérgio Lima da Silva Jr, é válido ressaltar que a cidade de Castanhal não deve ser visto como um lugar mítico do caos, mas como parte de um processo de construção de práticas sociais onde o que sobressai em uma primeira análise, são as profundas injustiças e desigualdades que engendram as mortes quase sempre de categorias sociais dominadas, vivendo, trabalhando ou circulando nesses lugares mais pobres.
A pesquisa de Silva Jr, apresenta-se com importante destaque no cenário
da cidade de Castanhal, onde com destreza discute o espaço urbano da cidade que
em 2014 contabilizou 83 dos 87 homicídios registrados no município, e no ano
seguinte o registro alcança 106 homicídios dos 117 registrados. Decerto, a
pesquisa demanda de atualizações, porém apresentam caminhos sólidos e
pavimentados da análise criminal aliada ao afiado projeto cartográfico
desenvolvido pari passu as reflexões do autor, o que resultou em uma importante
contribuição da geografia para a sociedade castanhalense e região.
Texto: Geocam (2019)
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